
Na época em que meu corpo era jovem, coisa de uns 20 anos atrás, gostar de rock era coisa de gente de bom gosto. Boas bandas surgiam a todo instante. A moda era básica. Jeans, camiseta ou bata indiana e all star ou ainda, sapatilhas com solado de corda fabricada pela Vulcabras.
Não estávamos preocupados se era metal, melódico ou o escabal. Simplesmente gostávamos das bandas, das músicas e todos viviam em paz. Não tínhamos MTV, Ipod, mp3, mp4, computador. Era rádio e tv, discos de vinil e radiola. Que antigo!
Hoje, essa turma que pega tudo mastigadinho e vive de moda ditada por MTVs e pela indústria fonográfica, resolveu colocar etiquetas em tudo que coisa. Quem usa all star, jeans e camista, tem cabelos grandes e gosta de rock melódico é emo! Quem usa preto é isso. Quem usa aquilo é não-sei-o-que. Tenham dó e respeitem o simples gosto pela música. Não estraguem a beleza de se gostar do que é belo e, acima de tudo, entendam que a música tem a magia da paz. Não deve trazer consigo a cultura da guerra, do preconceito e da violência.
Sempre gostei do visual bicho-grilo. Jeans, camiseta e all star, de todas as cores, mas tradicional. O cabelo é largadão até hoje e envelheço com a dignidade de qualquer trabalhadora. Chamaram-me de emo outro dia. De início, achei engraçado, mas quer saber? Não tem graça! Comentário sem pé, nem cabeça de gente que não sabe o que é música, não entende sua origem, sua raça, sua luta pela liberdade. De nada valeram os gritos e a luta dos hippies dos anos 60 e 70? Nunca assistiram Hair?
O rock nasceu como forma de protesto. Antes de chamarem alguém que busca paz em melodias como Stair Way to Haven, saibam primeiro o que diz a letra, como surgiu, quem a compôs, que história há por trás disso. Pesquisem sobre a época em que foi composta e entendam o que realmente diz a letra. Se depois disso tudo os rótulos imbecis ainda valerem a pena serem distribuídos, podem me chamar de emo. Mas gostaria, antes de qualquer coisa, que me explicassem de forma plausível o que seria uma mãe emo?