quinta-feira, 5 de abril de 2012

Honestidade, senhores!

Desde que a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela Polícia Federal, dia 29 de fevereiro, que acompanho mais de perto do que gostaria denúncias contra pessoas que conheço com a máfia dos jogos de azar em Goiás. Políticos, policiais civis, militares e federais citados em um esquema sujo que abala toda nossa confiança nas instituições e nas pessoas.
Fiquei particularmente triste ao ver pessoas que até então admirava envolvidas em falcatruas. Misericórdia! Como fiquei triste com isso tudo. Não sou de julgar ninguém, mas este é um hábito que estou adquirindo aos poucos. Desde pessoas que achava que eram amigas de verdade, companheiras a pessoas que conheci ao longo de tantos anos no jornalismo.
Descobrir desonestidade em uma pessoa é um sentimento muito vil. Sinto-me como um carrasco na hora do abate do condenado. Como o executor de sua vítima. É algo que trucida a alma.
Nestes tempos em que escândalos surgem várias vezes ao dia, todos os dias, e aumentam de intensidade a cada minuto mostrando a falta de reverência de políticos e de servidores públicos para com a sociedade, uma lembrança terna vem à tona. Meu pai, homem honesto, batalhador, de excelente índole, um líder nato e de minha mãe, guerreira, honesta, feliz, temente a Deus, acima de tudo.
Foram eles que ainda na minha infância ensinaram valores morais. Um dos exemplos citados durante toda a minha vida por meu pai até sua morte, foi a de que não devemos NUNCA nos corromper e que a honestidade é garantia de dignidade para toda a vida. Ele gostava de ler o discurso abaixo para mim e o repasso aqui na esperança de que algumas pessoas o leiam também. Senhores, sejamos honestos! A injustiça causada pela desonestidade é a causa da fome, da miséria e da opressão. Ninguém quer isso. Todos sonham com Justiça. Bem, pelo menos eu sonho com ela todos os dias...

“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” Rui Barbosa, em discurso no Senado, em 1914.

Nenhum comentário: