sábado, 22 de fevereiro de 2014

Bom dia, cumadi!

Bom dia, cumadi! Posso entrar? Kkkkkkkk. Como era bom brincar de casinha debaixo daquela parreira... Lembro de cada detalhe, das roupas que usava, de um chinelo que no natal comprávamos na Clark Calçados para te presentear e do dia que fez o pai ir nas Lojas Americanas comigo de noite -era época de Natal - só para comprar cachorro quente pra mim. "A menina não pode dormir com vontade comer isso", dizia. Kkkkk. Até hoje levo isso a sério!
Anos mais tarde, quando eu já era casada, tinha filhas, fazia faculdade e trabalhava fora, dizia: "a Rosana trabalha igual a um relógio". Até hoje não sei se era um elogio pelo meu esforço ou uma reclamação por não ter tido mais tempo com ela.
Ela gostava de ouvir as histórias das matérias que eu fazia para o jornal. Como consegui as informações e como escrevi. Nem lia o jornal no outro dia. Sabia de tudo. Achava importante eu entrevistar polícia e bandido, mas ficava orgulhosa mesmo quando eu entrevistava o prefeito ou o governador. Rs. Um dia fui notícia na coluna da Rachel Azeredo no Popular. Kkkk. Minha mãe recortou a nota e guardou. Tenho até hoje. Mimos de mãe!
Nos seus últimos dias antes de ficar internada por 33 dias em uma uti, você me chamou no seu quarto, deu uns conselhos que não me lembro quais são e disse que estava morrendo. Pediu que eu cuidasse do pai e da Márcia. Lembro que eu chorei muito e perguntei a ela como eu viveria se ela morresse. Ela não respondeu e não vivi mais plenamente desde que ela se foi. Faz falta aquele humor, aquela inteligência, amor e carinho. Que vontade ganhar aquele abraço de mãe! Ela teve a capacidade de mandar me comprar um relógio de aniversário quando estava na uti. Tem cabimento? Nunca mais usei relógio desde que ela se foi. Tenho, mas não uso.
Ela odiava fotos e essa não lhe faz justiça, mas foi a que sobrou.(Dalfa Maria Melo Araújo) 15 de fevereiro. Data ingrata! Dia em que recebi um telefonema da minha irmã. "Corre pro hospital que a mãe tá morrendo e quer te ver antes". Vou levar essa dor pro túmulo! Quando cheguei ao hospital, por morar muito longe, ela já tinha morrido. Morreu sem me ver. Que dor eu senti e ainda sinto! Vamos nos encontrar logo, mãe! Teremos muito tempo! Sinto sua falta, meu chão, meu alicerce! Amo você!
(Postado originalmente dia 15/02/2014)

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