sábado, 22 de fevereiro de 2014

E lá se foram cinco anos...

E lá se foram cinco anos...

É! A mãe uma vez me contou que quando eu nasci o senhor ficou alucinado e em algumas noites ela acordava de madrugada e o encontrava conversando comigo no meu berço. Sei como deve ter sido nossa conversa e sei exatamente como o senhor me olhava naquela época.

O olhar era o mesmo de quando o senhor chegava da Rede Ferroviária no final da tarde me trazendo uma balinha, um biju ou um sonho de valsa. O melhor era quando não tinha dinheiro para comprar nada e me dava um abraço. Era o mesmo olhar de quando, na adolescência me viu passar no vestibular e depois a tirar, no primeiro teste, a minha habilitação.

O olhar o era o mesmo de admiração e amor sem limites durante todas as outras conquistas ao longo dos anos. Quando lhe dei netas, já que não gostava do genro...rs. No meu primeiro emprego, no segundo, quando me formei, quando lia minhas matérias, quando ganhava prêmios e quando fui homenageada pela Polícia Militar.

Lembro que o senhor disse que era uma honra muito grande. Depois, pela Assembleia Legislativa e por ai foi me olhando e demonstrando sua admiração e amor por mim, desde o berço. Esteve orgulhoso em seus últimos momentos quando terminei minha pós e quando ganhei outros prêmios. Ficaria orgulhoso.

Esse olhar de amor que me acolheu em todos meus momentos de sofrimento, em nossos momentos de dor que gostaria de ver hoje. É esse olhar, pai, que eu sinto tanta falta hoje. O olhar que tentei retribuir todos os anos em que tive a honra de estar ao seu lado e que há 5 anos não brilha mais. O amor continua. A honra de ter tido o senhor como pai é, assim como a saudade. Os olhos que antes brilhavam com a sua presença hoje choram a sua ausência, a falta de chão e esse vazio na alma.
— se sentindo triste. 
(Postado originalmente no Facebook em homenagem ao meu pai Edgar Leão de Araújo, no dia 8/2/2014)

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