sábado, 22 de fevereiro de 2014

Voltei!

Não interessa contar o tempo que passou. Tempo que não quis compartilhar minha rotina nada interessante, mas duas meninas andaram fuçando nas minhas memórias e encontraram o blog, leram e pediram que eu continuasse a escrever. Ana Clara e Rafaela vocês me convenceram!Voltei!
Entre as muitas histórias que tenho pra contar está a de um dia em que cheguei no 7° Distrito Policial, no Jardim América. Lá ainda era uma das centrais de flagrante de Goiânia. Conceição Gayer, delegada já falecida, grande amiga, ao me ver disse que precisava de ajuda. Ela já havia ligado para vários órgãos de imprensa, mas por ser uma tarde de sábado, ninguém quis ir fazer a matéria.
Um pai, coitado, parou o carro na porta da padaria. No banco de trás do carro - que não me lembro mais qual era, o filho pequeno, de uns 2 anos, dormindo. Ele deixou a criança dormindo e entrou na padaria, afinal, não iria demorar. Erro! Um ladrão entrou no carro e o levou, sem ver que no banco de trás havia uma criança dormindo.
O homem entrou em desespero. Saiu correndo pela rua gritando, mas nada deteve o ladrão. Ele foi até o distrito, onde a delegada registrou a ocorrência. Conceição Gayer pediu que eu fizesse a matéria e fiz, publicando a foto da criança. No dia seguinte, a Conceição me liga pedindo para eu correr para o distrito. Corri e fiquei muito feliz.
A tia do assaltante, uma senhora analfabeta, precisava de uns jornais para embrulhar uns vidros que tinha na casa dela, em um bairro da periferia de Anápolis. Ela foi na venda perto da casa e pediu os jornais. O dono juntou alguns e entregou para a mulher, que reconheceu na foto do POPULAR a criança que o sobrinho havia deixado na casa dela por alguns dias. Ela viu a foto e pediu o dono da venda para olhar o motivo do filho do sobrinho estar na capa do jornal. O homem leu a notícia do sequestro da criança e do furto do carro e a mulher começou a chorar. Ela pediu que o dono da venda ligasse para a polícia e foi ela que entregou o menino aos pais, já em Goiânia.
Conceição Gayer pediu que eu corresse para o distrito porque a tia do ladrão e os pais da criança queriam me agradecer. Eles me abraçaram forte e agradeceram chorando. A delegada fez o mesmo e eu, manteiga derretida que sou, deixei o distrito chorando, sem graça por ter ajudado as pessoas no cumprimento da minha profissão. Quantos anos se passaram? Onde estarão essas famílias? Onde estará a criança levada no carro? Conceição Gayer, minha amiga, um abraço!
Depois conto mais histórias...

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